Um Centro Acadêmico tem os instrumentos e a capacidade de aglutinar estudantes em torno de pautas políticas e acadêmicas cotidianas e extraordinárias que fazem parte da vida desses próprios estudantes. Assim, como não tocarmos em assuntos que delineiam a formação em Letras na nossa universidade, tais como a estrutura do curso, a recente Reforma Curricular, o Ranqueamento, a prática docente e as novas políticas de ensino voltadas à USP?
Com a criação do Núcleo Acadêmico e de Ensino, manifestamos nossa preocupação com as questões acadêmicas específicas do nosso curso, já que, a priori, ele é a razão [ou não?] da nossa inserção na Universidade. Discutir as transformações e os tópicos acadêmicos é conseqüência inevitável de nosso cotidiano enquanto estudantes.
O Ranqueamento
Nós, no final do primeiro ano, temos de escolher apenas uma habilitação [língua estrangeira ou lingüística], além do português [ou somente ele], para cursar durante todo o curso. A opinião a respeito desse modelo não é unânime, portanto, discutir sobre isso se faz necessário.
Há um tempo a Semana das Habilitações vem sendo feita como recurso para os estudantes do primeiro ano terem mais informações a respeito dessa necessária escolha. Neste ano, pretendemos que ela não se restrinja apenas às palestras dos docentes de cada habilitação, mas também conte com os depoimentos acerca das experiências pessoais de alunos que também passaram por esse processo.
Além disso, essa Semana pretende contar com uma grande festa temática das nações, com comidas, músicas e bebidas típicas de cada país correspondente às habilitações.
Ainda, propomos também que haja, antes dessa semana, uma Semana de Discussão do Curso de Letras, a ser realizada ainda no primeiro semestre deste ano, tendo como objetivo a análise crítica da estrutura do curso, para que, além de desfrutá-la, todos tenham ao mesmo tempo espaço e condições de pensá-la criticamente.
O Ciclo de Debates Interliteraturas
Para obtermos um conhecimento plural, há uma necessidade de se ver a possibilidade de intercâmbio entre as habilitações. Afinal, será que todos nós gostaríamos de nos formar apemas segundo esse modelo, ou seja, conhecendo uma língua, uma cultura, uma literatura?
Se conseguirmos realizar Debates Interliteraturas, estaremos aptos a conhecer o conteúdo que, muitas vezes, é ministrado exclusivamente em cada habilitação e, confrontando as habilitações, podemos, além de enriquecer nossa formação acadêmica, nos depararmos mais uma vez com a questão do ranqueamento e sua eficiência [ou não] na nossa formação. Estando, na prática, em contato com uma nova possibilidade de aprendizagem, podemos ter O.olhos livres para discutir esse modelo e tentar melhorá-lo, torná-lo mais justo [ou não].
A Reforma Curricular
A Reforma Curricular que instaurou uma nova grade curricular na Letras a partir deste ano de 2009 também é um ponto de discussão que deve ser desenvolvido. Há alguns anos os departamentos de nosso curso elaboraram, com base em diretrizes federais, uma proposta de um 'novo formato' de licenciatura [formação de professores] para os estudantes de Letras. Esse formato já era [é] existente inclusive em outros cursos da USP, como é o caso da Matemática, por exemplo.
Temos agora, em suma, menos disciplinas obrigatórias, o que nos possibilita adaptar mais a nossa formação de acordo com nossas preferências, já que podemos escolher mais disciplinas optativas para completarmos nossa quantidade de créditos obrigatórios a serem cumpridos para conseguirmos nos formar.
Há, no entanto, um novo recurso no site do Júpiterweb, que se vale do cálculo do ano de ingresso na graduação e do número de créditos acumulados para nos indicar o nosso “semestre ideal”, e essa indicação é a responsável por permitir ou não que tenhamos vaga nessa ou naquela disciplina (obrigatória ou optativa). Com isso, aqueles que cursarem todas as matérias em seus semestres ideais têm mais chance de conseguir se matricular conforme os semestres forem passando. Aqueles que não conseguirem acompanhar o ritmo do curso, por outro lado, terá mais dificuldades para conseguir se matricular em disciplinas não cursadas anteriormente (no seu "semestre ideal"). Resumindo, quem quiser montar sua grade ao longo do curso de uma maneira não-padrão terá dificuldades para se matricular.
UNIVESP?
Recentemente houve a aprovação da inserção do ensino à distância como uma das possibilidades de formação oferecida pela Universidade de São Paulo. Mas, afinal, o que é ensino à distância? Como ele se dá? O que é UNIVESP? Formar professores a partir de aulas não presenciais, apenas com a utilização de recursos tecnológicos que permitiriam que essa formação? Como foi essa aprovação? Houve alguma discussão prévia? Algum boletim informativo?
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Todas essas questões precisam ser postas em debate, pois como iremos nos posicionar diante de tais alterações? Vamos considerá-las ideais ou não?
Assim, olhemos livremente [o.O] para todas as informações e discussões advindas de tudo aquilo que envolve e envolverá a nossa formação e o nosso saber. Acreditamos que o conhecimento acadêmico precisa ser estruturado para posterior transmissão de uma forma que não desconsidere as reflexões, opiniões e sugestões daqueles que receberão esse conhecimento, isto é, nós, estudantes de Letras.
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